quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Marie no País das Maravilhas

– Quer um doce, garota? – foi a última coisa que Marie ouviu antes daquele mundo colorido e abstrato surgir diante dos seus olhos. As cores tão vívidas materializadas em pessoas que derretiam; pessoas que olhavam-na de soslaio. Alguém – ou melhor, algo – se esbarrara nela, e seu corpo produziu tal formigamento desesperador, fazendo com que ela se abraçasse assustada, alisando os braços como se sentisse frio. Os olhares continuavam sobre ela: era o centro das atenções.
Marie olhava para os lados freneticamente, sentindo uma paranóia brotar em si, suspeitando de todos ao redor.

Já amanhecia quando Marie saiu daquele local, e o sol parecia um enorme cometa vindo em sua direção. A música amplificada ecoava dentro de sua cabeça, quase fazendo seu corpo vibrar. Caminhava perdida por aquelas ruas maravilhosas, onde ônibus voavam e pessoas flutuavam momentaneamente a cada passo dado. Enquanto caminhava, avistou um canteiro de flores que dançavam e quis rir.

Depois de vagar por estas ruas iverossímeis, parou em frente a um prédio de formas geométricas variadas, que parecia meio inclinado. Adentrou o local e prostou-se no interior de uma caixa de metal gélido, e flutuou em movimento uniforme, sentindo o ar congelante tocar sua pele como neve. Ao sair da caixa, chutou um objeto estranho e, deste, uma tsunami surgiu, parecendo inundar tudo. Suas pernas pesavam pela água que molhava sua calça, e então ela atravessou uma porta. Chegou em um lugar que brilhava como um diamante, de um branco que cegava seus olhos. Cambaleou até um objeto cheio de insetos que se moviam incessantemente e caiu, adormecida.

Cinco horas mais tarde, Marie acordou com grande desespero. Os insetos ainda estavam lá, e ela não aguentava mais. Foi até a janela e projetou o corpo para fora. Aquele mundo colorido e abstrato estava lá, piscando e se movendo. Mas, de repente, começou a parar. Como uma câmera que muda do vivid para o calm, as cores começaram a se tornar mais opacas, e as coisas estavam parando de flutuar. Finalmente sentiu os pés no chão, e os insetos voltaram a ser bolinhas pretas em um sofá branco. “Ah, graças a Deus” pensou. O efeito do LSD finalmente havia passado.

2 comentários:

  1. haha, ficou muito foda! Está tão bem escrito que desde o início eu pensei: - vou tirar onda dizendo que ela tomou LSD.
    :D

    ficou ótimo! parabéns

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