segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Solitária Dor

A melodia enchia os ouvidos da garota de pijama que fitava o chão. Tossiu. Mil coisas se passavam pela sua cabeça e uma dor oca apertava seu peito. Tossiu mais uma vez. E então, seu rosto se contorceu em uma careta. E as lágrimas brotaram. Deixou-as brotarem e escorrerem por suas faces, na verdade, depois de algum tempo guardando-as. “Eu vou superar”, ela prometeu. Mas não podia fingir para ela mesma. No dia seguinte, teria de encarar o sol, procurar um chão – por onde ele andava esses últimos tempos? –, sorrir para as pessoas mesmo sem vontade de fazê-lo, fingindo estar tudo bem. Mas, estando só, precisava ser verdadeira. E a verdade era que a lágrimas estavam lutando contra ela e precisava libertá-las. Ao menos enquanto estivesse só, onde ninguém pudesse ver. “Uma hora elas terão de secar”, pensava. E então chorou, gemendo baixo. Teria longos dias pela frente. Sim, longos e vazios dias. E talvez ela se perguntasse pelo que vivia, mas continuava, porque sabia que o vazio seria preenchido e tudo ficaria bem. Sim, sim.

domingo, 1 de novembro de 2009

Constante

Eu sentia sua presença. Todo dia, quando acordo, sinto sua presença ao meu lado, na cama. As lágrimas já secaram, mas sua presença ainda está aqui. Não me dói mais, é até reconfortante. Você se foi, mas seu sorriso e o calor que emana dele é eterno.

- Bom dia – saudei aquela foto radiante, ao lado do recipiente de porcelana que contém suas cinzas. Foi só o que sobrou da sua carne, mas a sua presença... ah, ela continua tão intensa quanto no passado.