sábado, 12 de novembro de 2011

Routine

It's empty, then it's full
of pain, of agony
My heart hurts in such a way
My mind finds no reason

Everything's ok, just fine
I look around and then,
out of the blue, it attacks me
It gets hard to breathe

And I keep wondering:
Dear Depression, will you ever leave me?

sábado, 5 de novembro de 2011

A Garota Que Não Acreditava

O lugar estava lotado de pessoas e seus supostos pecados e supostos arrependimentos. Pessoas de joelhos, com pão a derreter e grudar no céu da boca, pessoas na fila para fazê-lo, pessoas com medo do que os espera no desconhecido futuro, pré e pós óbito. Tudo aquilo era regido pelo medo e levava as pessoas a falar e fazer coisas ruins. Era o que a garota de expressão vazia estava a pensar. Ela olhava ao redor e sentia-se triste. Por que as pessoas submetiam-se àquilo?
Ela olhou para cima, inclinando a cabeça de forma nada discreta. Era tão triste que chegava a ser digno de pena. E o que é digno de pena é ridículo. Uma estátua ensanguentada pendurada no alto da parede. E aquilo supostamente deveria ser encorajador.
Havia um homem conduzindo a reunião. As pessoas gritavam palavras em coro, cantavam juntos as mesmas músicas de tantos anos passados. A garota notou como as pessoas se vestiam, com seus vestidos caros e jeans skinny, com seus ternos de trabalhadores altamente qualificados. Pessoas modernas participando de uma cerimônia medieval.
A grande questão é que a garota tinha um coração gentil. Ela amava, era doce, acreditava que havia algo de bom em cada pessoa viva, tentava buscar motivos para as diversas maldades, sonhava em ajudar pessoas, em conhecer o mundo e suas texturas. Mas estava ali, desejando que aquelas pessoas fossem mais fortes e apoiassem mais umas às outras em vez de dizer que "Deus" isso e aquilo. Graças a Deus, se Deus quiser, vá com Deus. Por que não agradecer às pessoas pelos seus esforços, confiar em seus potenciais?
A missa chegava ao fim. As pessoas se abraçavam, pois o condutor dissera para que fizessem-no. Mas por que não podiam se abraçar em dias comuns, a qualquer hora, sem que ninguém mandasse? Por que não podiam amar por amar em vez de amar porque é o que Deus prega? Por que não esqueciam o homem por quem machucam, que não é menos fictício que nenhum outro personagem de livro, e começavam a traçar seus próprios caminhos, viver suas próprias filosofias? Poderiam se inspirar por um escrito, tomar um ser não-real como exemplo, admirar seu criador (uma pessoa de carne e osso), mas tomá-lo como real e venerá-lo? Julgar os que não o fazem?
A garota se sentia mal. O peito apertava, a melancolia era grande.
Aquilo era triste demais. Simplesmente triste demais.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Vida

O local não tem relevância. Fosse ele uma sala de aula, uma sala de estar, um quarto, uma praça. Estivesse ela sentada no chão, em um sofá, em uma cama de solteiro, em uma cama de casal, na calçada, em uma carteira - azul, verde, branca.
Veja bem, o lugar tem importância, apenas não o local contido no lugar.
A luminosidade teria alguma importância, se fosse noite cheia de luzes artificiais, ou noite estrelada, ou clareira como a fornecida por uma luz que tem sucesso em atravessar folhas e galhos de árvores. Mas, no caso, a luminosidade provinha de uma lâmpada em plena manhã, o tipo de luz que deixa a vida com um tom pastel. Não estimula ao desespero nem ao ímpeto de rebelar-se.
As pessoas ao redor tinham sua relevância, por suas feições conformadas parcialmente escondidas em máscaras de satisfação.
A relevância, em sua essência e semi-independência, era o que ela estava a sentir. Seu coração não estava acelerado, mas sua mente não parava. O peito vazio em antítese à mente cheia.
Precisava ir embora. Precisava procurar as paisagens metafísicas de seus sonhos. Precisava preencher-se de sensações. Precisava de informação nova, fresca. Precisava de vivências pertubadoras, felicitadoras, empolgantes, inspiradoras, frenéticas, suaves, intensas. Precisava pertencer a diversos lugares, diferentes povos. Andar por diferentes ruas, festejar em ou apenas fazer sutis visitas a diferentes residências. Tocar diferentes peles, sentir diferentes texturas, gelar no ferro e aquecer na madeira.
Ela sentia-se vazia porque lhe faltava vida em sua forma mais profunda, intensa, completa. E só nesta forma seria a ela suficiente e a livraria de tal desconforto. Só assim ficaria satisfeita. Só assim saborearia a real felicidade.

Deep Inside

I live for life
For love, for beauty
For people, for touch
For crowds or solitude.
I live to feel alive
Not to follow the system until I die.

domingo, 2 de outubro de 2011

Complainant

Save your anger to yourself
Or at least to the one to blame
I myself have enough problems
Don't try to drive me insane.

domingo, 4 de setembro de 2011

Insípido

Quero escrever.
Quero que as palavras jorrem, que o alívio venha, que a satisfação me console. A dor produziria um texto pra mim, tal qual faria a felicidade frenética.
Mas o vazio, ah, o vazio. Este me agonia, me estraçalha o peito com mãos que não vejo. Esta falta de motivação na vida, o olhar sem emoção para o que me cerca; me machucam incessantemente. Ah, isso não me deixa brechas para o alívio. Não me dá uma folga. Não me dá um sinal de reconforto.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Receio

Estou a perder meus tesouros.
Meu fogo, minha racionalidade, meu riso livre, meu frio na barriga.
Para notas de papel, para uma paixão morena, para ainda não sei ao certo, para a terra natal.

Afinal, são meus tesouros, mas não são meus pertences.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Life

I remember yesterday
And dream about tomorrow
But today
Why can't I live today?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Cortina de Fumaça

E eu acho que é de se preocupar
Quando uma neurótica como eu
Não apenas deixa de se importar
Como acha doce os erros seus.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Amizade

O riso descompromissado
A surpresa boa
A alegria própria pela próxima
A culpa e o pedido de desculpas
O esforço para ignorar defeitos
O esforço para consertar defeitos
A felicidade posta onde se está
Interrompidos, freiados
Por segredos, mal agradecimentos
Tons de voz, deixar-para-depois
Descabidos
Pela desimportância atribuída
A mim.

Trecho

Seguro em meus olhos a água do mar
Mantenho bochechas doces
E um coração salgado.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fabricação

São várias, são tantas
as tentativas minhas
de soar sensível e branda
Colorir a de costura linha

Misturar palavras, sabores
e aromas na panela
de papel que ferve amores,
cozinha ódio e frita mazelas.

sábado, 2 de abril de 2011

Desistente

Sempre escrevo minhas decisões a lápis.
Sem muito tardar, ou depois de algum tempo, acabo pegando a borracha. E assim escrevo e apago, escrevo e apago, escrevo e apago.
Algumas raras vezes até chego a pegar a caneta, mas de última hora escrevo com meu bom e velho grafite, deixando a borracha a postos.
Há ainda as vezes em que escrevo a lápis e, apesar da consciência de fazê-lo, me convenço superficialmente de que seguro a caneta na mão.
Espero um dia escrever à caneta e, quando buscar a borracha, atônita, e perceber que não há como voltar atrás, vou ver só.
Mas espero mesmo é que um dia eu pegue a caneta, coloque minha decisão no papel e, satisfeita, jogue a borracha no lixo.

Ânsia

Eu só queria te contar
Esses segredos que me afligem
Poder enfim descarregar
Essas agonias que me consomem.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Inspiração

Mas por onde andas
minha querida amada?
Por que partes de meu corpo
estais a rastejar?
Para a dor e o deslumbramento
És tu, espontânea, melhor remédio
Mas durante tal vazio doentio
Calma inexpressão de meu peito
Tu desapareces!
Como quem nunca esteve aqui.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Deslumbre

E logo eu, que falo tanto dos outros
Me entreguei ao sofrimento de todos.

Óbvio

E todos pensam poder esconder neste frágil corpo que todos possuímos nossos sentimentos já certos. O que a nossa boca pensa guardar, o nosso rosto mostra. Em leitura fácil, com letras enormes. Somos um anúncio vivo daquilo que pensamos guardar dentro de nós, só para si.

Ameno

Gosto de falar olhando nos olhos, distante dos empecilhos que são as outras pessoas. Que não ousem ouvir o que te digo; o que tento aprofundar-te na alma com esse meu tímido olhar no teu. Se respondo mais do que pergunto é por receio de que não me respondas. Se te respondo é porque quero que penetre no meu âmago tanto quanto tento penetrar no teu. Por isso, olha-me nos olhos e me fala de ti; me faz feliz.