domingo, 5 de dezembro de 2010

Subterrâneo

O céu estava apagado, mas a cidade estava acesa. As luzes ofuscariam os olhos de um forasteiro desacostumado, mas não os dos habitantes daquela cidade grande e sempre tão iluminada. Ela não falhava em clarear a imensidão exterior da cidade e da pele de todas aquelas pessoas. Não podia fazer mais que isso. E lá estava o problema.
A pálida garota caminhava sozinha por aquelas ruas consideravelmente movimentadas apesar da avançada hora. Ela ia caminhando sem pressa, sentindo a brisa e o calor abafado simultaneamente. Quanta gente! E ia observando os carros que passavam e os casais de mãos dadas. A sobriedade estava enlouquecendo-a. Adiantou um pouco o passo e atentou-se em um beco escuro. Escuro. Lá estava a falha. Como em seu interior. E adentrou na escuridão, tateando a pílula do bom sono. Para momentaneamente iluminar o que estava machucando-a no breu de sua mente. Para que pudesse arrumar a bagunça, apesar de que - ela já sabia - tudo acabaria bagunçado e de lâmpadas queimadas novamente. Mas um momento bastava. Ela só queria dormir.

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