Ela estava sentada na carteira do fundo da sala, perdida em devaneios inúteis. A aula corria e praticamente todos os alunos prestavam atenção. Era uma matéria importante, afinal. Mas a mente dela estava perdida em uma floresta de sentimentos e pensamentos: o que faria no fim de semana, o que comeria no almoço, como passaria de ano, aquela foto engraçada, aquelas mãos entrelaçadas, o exercício que não fez, o livro que queria escrever e a música que só sabia o refrão. Cantarolava sem perceber, e desenhava olhos na mesa. Ria sozinha de suas lembranças e ignorava todo o resto.
Acordara por um momento, pegando no ar uma discussão de ocorria. Viu aqueles seres tão iguais, opinando a mesmíssima coisa, sem nenhuma profundidade real. E sorriu. Um sorriso suave e superior. Um sorriso leve e pintado de certo desprezo irônico.
Olhou pelo vidro da porta e admirou as folhas verdes que balançavam, entreabrindo os lábios, como uma pequena criança observado um objeto colorido e chacoalhante. E dessa vez sorriu de forma boba, provavelmente lembrando de algo doce. E lá estava ela, sentada, perdida em sua própria mente; estranha, anormal, feliz.
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