domingo, 23 de junho de 2013

Incolor


E é triste que um poema tão bonito
seja tão antigo, e eu o sinta tão recente.
E é tão triste que algo tão sincero
cultivado com tanto esmero, suma de repente.

Verde

E ele veio, finalmente
Floreando de dentro pra fora
Compensando demasiada demora
Acalmando um coração carente

Mesmo com, no rosto, sorriso contente
Ainda há o aperto de outrora
É o medo de que vá-se embora
Que não desapega da minha mente

E se disser para viver somente
Para me preocupar com o agora
Espero que o agora seja para sempre.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Helena ergueu o olhar.
As paredes estavam no lugar, assim como o chão. Mas o mundo chacoalhava em sua cabeça e a confusão de pensamentos punha-na em um estado de retardo anestésico que deixava-a leve e pesada ao mesmo tempo, como um membro que tem a circulação obstruída. Lágrimas secas formavam duas linhas em suas bochechas.
Ainda no estado de tonta confusão, cambaleou até as escadas e desceu, degrau por degrau, sentindo como se estivesse em um sonho. Vivia, mas não parecia real. E, nesse estado de vazio, seguiu à porta, e então à rua já escura e deserta.
Saiu vagando, sem sentir vida em seu corpo. As imagens ainda passavam por sua mente, mas não havia dor. Não importava o quanto caminhava, Helena não sentia cansaço.
Não sentia nada.
Por um momento, esqueceu de respirar, mas então ouviu algo. "Ah", pensou.
E inspirou profundamente.
Caminhou para o meio da larga rua de asfalto.
Fechou os olhos.
Os faróis se aproximaram.
Sorriu.